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Soñadora, guerrera y extranjera de corazón. Busco sempre além da minha realidade, voo nas asas da imaginação. Há tanto o que descobrir, viver, sentir. O mundo é tão grande, maior ainda é o poder da mente. Tenho uma alma de lembrança, do querer, das possibilidades, do inimaginável da ânsia por um futuro melhor. Uma angústia constante que busca no improvável a compreensão do ser.

sábado, 29 de junho de 2013

FILOSOFIA DE PLATÃO





A Vida e as Obras
Diversamente de Sócrates , que era filho do povo, Platão nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C., de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre prosápia. Temperamento artístico e dialético - manifestação característica e suma do gênio grego - deu, na mocidade, livre curso ao seu talento poético, que o acompanhou durante a vida toda, manifestando-se na expressão estética de seus escritos; entretanto isto prejudicou sem dúvida a precisão e a ordem do seu pensamento, tanto assim que várias partes de suas obras não têm verdadeira importância e valor filosófico.

Aos vinte anos, Platão travou relação com Sócrates - mais velho do que ele quarenta anos - e gozou por oito anos do ensinamento e da amizade do mestre. Quando discípulo de Sócrates e ainda depois, Platão estudou também os maiores pré-socráticos. Depois da morte do mestre, Platão retirou-se com outros socráticos para junto de Euclides, em Mégara.


Daí deu início a suas viagens, e fez um vasto giro pelo mundo para se instruir (390-388). Visitou o Egito, de que admirou a veneranda antigüidade e estabilidade política; a Itália meridional, onde teve ocasião de travar relações com os pitagóricos (tal contato será fecundo para o desenvolvimento do seu pensamento); a Sicília, onde conheceu Dionísio o Antigo, tirano de Siracusa e travou amizade profunda com Dion, cunhado daquele. Caído, porém, na desgraça do tirano pela sua fraqueza, foi vendido como escravo. Libertado graças a um amigo, voltou a Atenas.


Em Atenas, pelo ano de 387, Platão fundava a sua célebre escola, que, dos jardins de Academo, onde surgiu, tomou o nome famoso de Academia. Adquiriu, perto de Colona, povoado da Ática, uma herdade, onde levantou um templo às Musas, que se tornou propriedade coletiva da escola e foi por ela conservada durante quase um milênio, até o tempo do imperador Justiniano (529 d.C.).


Platão, ao contrário de Sócrates, interessou-se vivamente pela política e pela filosofia política. Foi assim que o filósofo, após a morte de Dionísio o Antigo, voltou duas vezes - em 366 e em 361 - à Dion, esperando poder experimentar o seu ideal político e realizar a sua política utopista. Estas duas viagens políticas a Siracusa, porém, não tiveram melhor êxito do que a precedente: a primeira viagem terminou com desterro de Dion; na segunda, Platão foi preso por Dionísio, e foi libertado por Arquitas e pelos seus amigos, estando, então, Arquistas no governo do poderoso estado de Tarento.


Voltando para Atenas, Platão dedicou-se inteiramente à especulação metafísica, ao ensino filosófico e à redação de suas obras, atividade que não foi interrompida a não ser pela morte. Esta veio operar aquela libertação definitiva do cárcere do corpo, da qual a filosofia - como lemos no Fédon - não é senão uma assídua preparação e realização no tempo. Morreu o grande Platão em 348 ou 347 a.C., com oitenta anos de idade.


Platão é o primeiro filósofo antigo de quem possuímos as obras completas. Dos 35 diálogos, porém, que correm sob o seu nome, muitos são apócrifos, outros de autenticidade duvidosa.


A forma dos escritos platônicos é o diálogo, transição espontânea entre o ensinamento oral e fragmentário de Sócrates e o método estritamente didático de Aristóteles. No fundador da Academia, o mito e a poesia confundem-se muitas vezes com os elementos puramente racionais do sistema. Faltam-lhe ainda o rigor, a precisão, o método, a terminologia científica que tanto caracterizam os escritos do sábio estagirita.


A atividade literária de Platão abrange mais de cinqüenta anos da sua vida: desde a morte de Sócrates , até a sua morte. A parte mais importante da atividade literária de Platão é representada pelos diálogos - em três grupos principais, segundo certa ordem cronológica, lógica e formal, que representa a evolução do pensamento platônico, do socratismo ao aristotelismo .

O Pensamento: A Gnosiologia
Como já em Sócrates, assim em Platão a filosofia tem um fim prático, moral; é a grande ciência que resolve o problema da vida. Este fim prático realiza-se, no entanto, intelectualmente, através da especulação, do conhecimento da ciência. Mas - diversamente de Sócrates, que limitava a pesquisa filosófica, conceptual, ao campo antropológico e moral - Platão estende tal indagação ao campo metafísico e cosmológico, isto é, a toda a realidade.


Este caráter íntimo, humano, religioso da filosofia, em Platão é tornado especialmente vivo, angustioso, pela viva sensibilidade do filósofo em face do universal vir-a-ser, nascer e perecer de todas as coisas; em face do mal, da desordem que se manifesta em especial no homem, onde o corpo é inimigo do espírito, o sentido se opõe ao intelecto, a paixão contrasta com a razão. Assim, considera Platão o espírito humano peregrino neste mundo e prisioneiro na caverna do corpo. Deve, pois, transpor este mundo e libertar-se do corpo para realizar o seu fim, isto é, chegar à contemplação do inteligível, para o qual é atraído por um amor nostálgico, pelo eros platônico.


Platão como Sócrates, parte do conhecimento empírico, sensível, da opinião do vulgo e dos sofistas, para chegar ao conhecimento intelectual, conceptual, universal e imutável. A gnosiologia platônica, porém, tem o caráter científico, filosófico, que falta a gnosiologia socrática, ainda que as conclusões sejam, mais ou menos, idênticas. O conhecimento sensível deve ser superado por um outro conhecimento, o conhecimento conceptual, porquanto no conhecimento humano, como efetivamente, apresentam-se elementos que não se podem explicar mediante a sensação. O conhecimento sensível, particular, mutável e relativo, não pode explicar o conhecimento intelectual, que tem por sua característica a universalidade, a imutabilidade, o absoluto (do conceito); e ainda menos pode o conhecimento sensível explicar o dever ser, os valores de beleza, verdade e bondade, que estão efetivamente presentes no espírito humano, e se distinguem diametralmente de seus opostos, fealdade, erro e mal-posição e distinção que o sentido não pode operar por si mesmo.


Segundo Platão, o conhecimento humano integral fica nitidamente dividido em dois graus: o conhecimento sensível, particular, mutável e relativo, e o conhecimento intelectual, universal, imutável, absoluto, que ilumina o primeiro conhecimento, mas que dele não se pode derivar. A diferença essencial entre o conhecimento sensível, a opinião verdadeira e o conhecimento intelectual, racional em geral, está nisto: o conhecimento sensível, embora verdadeiro, não sabe que o é, donde pode passar indiferentemente o conhecimento diverso, cair no erro sem o saber; ao passo que o segundo, além de ser um conhecimento verdadeiro, sabe que o é, não podendo de modo algum ser substituído por um conhecimento diverso, errôneo. Poder-se-ia também dizer que o primeiro sabe que as coisas estão assim, sem saber porque o estão, ao passo que o segundo sabe que as coisas devem estar necessariamente assim como estão, precisamente porque é ciência, isto é, conhecimento das coisas pelas causas.


Sócrates estava convencido, como também Platão, de que o saber intelectual transcende, no seu valor, o saber sensível, mas julgava, todavia, poder construir indutivamente o conceito da sensação, da opinião; Platão, ao contrário, não admite que da sensação - particular, mutável, relativa - se possa de algum modo tirar o conceito universal, imutável, absoluto. E, desenvolvendo, exagerando, exasperando a doutrina da maiêutica socrática, diz que os conceitos são a priori, inatos no espírito humano, donde têm de ser oportunamente tirados, e sustenta que as sensações correspondentes aos conceitos não lhes constituem a origem, e sim a ocasião para fazê-los reviver, relembrar conforme a lei da associação.


Aqui devemos lembrar que Platão, diversamente de Sócrates, dá ao conhecimento racional, conceptual, científico, uma base real, um objeto próprio: as idéias eternas e universais, que são os conceitos, ou alguns conceitos da mente, personalizados. Do mesmo modo, dá ao conhecimento empírico, sensível, à opinião verdadeira, uma base e um fundamento reais, um objeto próprio: as coisas particulares e mutáveis, como as concebiam Heráclito e os sofistas . Deste mundo material e contigente, portanto, não há ciência, devido à sua natureza inferior, mas apenas é possível, no máximo, um conhecimento sensível verdadeiro - opinião verdadeira - que é precisamente o conhecimento adequado à sua natureza inferior. Pode haver conhecimento apenas do mundo imaterial e racional das idéias pela sua natureza superior. Este mundo ideal, racional - no dizer de Platão - transcende inteiramente o mundo empírico, material, em que vivemos.

Teoria das Idéias
Sócrates mostrara no conceito o verdadeiro objeto da ciência. Platão aprofunda-lhe a teoria e procura determinar a relação entre o conceito e a realidade fazendo deste problema o ponto de partida da sua filosofia.



A ciência é objetiva; ao conhecimento certo deve corresponder a realidade. Ora, de um lado, os nossos conceitos são universais, necessários, imutáveis e eternos (Sócrates), do outro, tudo no mundo é individual, contigente e transitório (Heráclito). Deve, logo, existir, além do fenomenal, um outro mundo de realidades, objetivamente dotadas dos mesmos atributos dos conceitos subjetivos que as representam. Estas realidades chamam-se Idéias. As idéias não são, pois, no sentido platônico, representações intelectuais, formas abstratas do pensamento, são realidades objetivas, modelos e arquétipos eternos de que as coisas visíveis são cópias imperfeitas e fugazes. Assim a idéia de homem é o homem abstrato perfeito e universal de que os indivíduos humanos são imitações transitórias e defeituosas.


Todas as idéias existem num mundo separado, o mundo dos inteligíveis, situado na esfera celeste. A certeza da sua existência funda-a Platão na necessidade de salvar o valor objetivo dos nossos conhecimentos e na importância de explicar os atributos do ente de Parmênides , sem, com ele, negar a existência do fieri. Tal a célebre teoria das idéias, alma de toda filosofia platônica, centro em torno do qual gravita todo o seu sistema.

A Metafísica

As Ideias
O sistema metafísico de Platão centraliza-se e culmina no mundo divino das idéias; e estas contrapõe-se a matéria obscura e incriada. Entre as idéias e a matéria estão o Demiurgo e as almas, através de que desce das idéias à matéria aquilo de racionalidade que nesta matéria aparece.


O divino platônico é representado pelo mundo das idéias e especialmente pela idéia do Bem, que está no vértice. A existência desse mundo ideal seria provada pela necessidade de estabelecer uma base ontológica, um objeto adequado ao conhecimento conceptual. Esse conhecimento, aliás, se impõe ao lado e acima do conhecimento sensível, para poder explicar verdadeiramente o conhecimento humano na sua efetiva realidade. E, em geral, o mundo ideal é provado pela necessidade de justificar os valores, o dever ser, de que este nosso mundo imperfeito participa e a que aspira.


Visto serem as idéias conceitos personalizados, transferidos da ordem lógica à ontológica, terão consequentemente as características dos próprios conceitos: transcenderão a experiência, serão universais, imutáveis. Além disso, as idéias terão aquela mesma ordem lógica dos conceitos, que se obtém mediante a divisão e a classificação, isto é, são ordenadas em sistema hierárquico, estando no vértice a idéia do Bem, que é papel da dialética (lógica real, ontológica) esclarecer. Como a multiplicidade dos indivíduos é unificada nas idéias respectivas, assim a multiplicidade das idéias é unificada na idéia do Bem. Logo, a idéia do Bem, no sistema platônico, é a realidade suprema, donde dependem todas as demais idéias, e todos os valores (éticos, lógicos e estéticos) que se manifestam no mundo sensível; é o ser sem o qual não se explica o vir-a-ser. Portanto, deveria representar o verdadeiro Deus platônico. No entanto, para ser verdadeiramente tal, falta-lhe a personalidade e a atividade criadora. Desta personalidade e atividade criadora - ou, melhor, ordenadora - é, pelo contrário, dotado o Demiurgo o qual, embora superior à matéria, é inferior às idéias, de cujo modelo se serve para ordenar a matéria e transformar o caos em cosmos.

As Almas
A alma, assim como o Demiurgo, desempenha papel de mediador entre as idéias e a matéria, à qual comunica o movimento e a vida, a ordem e a harmonia, em dependência de uma ação do Demiurgo sobre a alma. Assim, deveria ser, tanto no homem como nos outros seres, porquanto Platão é um pampsiquista, quer dizer, anima toda a realidade. Ele, todavia, dá à alma humana um lugar e um tratamento à parte, de superioridade, em vista dos seus impelentes interesses morais e ascéticos, religiosos e místicos. Assim é que considera ele a alma humana como um ser eterno (coeterno às idéias, ao Demiurgo e à matéria), de natureza espiritual, inteligível, caído no mundo material como que por uma espécie de queda original, de um mal radical. Deve portanto, a alma humana, libertar-se do corpo, como de um cárcere; esta libertação, durante a vida terrena, começa e progride mediante a filosofia, que é separação espiritual da alma do corpo, e se realiza com a morte, separando-se, então, na realidade, a alma do corpo.


A faculdade principal, essencial da alma é a de conhecer o mundo ideal, transcendental: contemplação em que se realiza a natureza humana, e da qual depende totalmente a ação moral. Entretanto, sendo que a alma racional é, de fato, unida a um corpo, dotado de atividade sensitiva e vegetativa, deve existir um princípio de uma e outra. Segundo Platão, tais funções seriam desempenhadas por outras duas almas - ou partes da alma: a irascível (ímpeto), que residiria no peito, e a concupiscível (apetite), que residiria no abdome - assim como a alma racional residiria na cabeça. Naturalmente a alma sensitiva e a vegetativa são subordinadas à alma racional.


Logo, segundo Platão, a união da alma espiritual com o corpo é extrínseca, até violenta. A alma não encontra no corpo o seu complemento, o seu instrumento adequado. Mas a alma está no corpo como num cárcere, o intelecto é impedido pelo sentido da visão das idéias, que devem ser trabalhosamente relembradas. E diga-se o mesmo da vontade a respeito das tendências. E, apenas mediante uma disciplina ascética do corpo, que o mortifica inteiramente, e mediante a morte libertadora, que desvencilha para sempre a alma do corpo, o homem realiza a sua verdadeira natureza: a contemplação intuitiva do mundo ideal.

O Mundo
O mundo material, o cosmos platônico, resulta da síntese de dois princípios opostos, as idéias e a matéria. O Demiurgo plasma o caos da matéria no modelo das idéias eternas, introduzindo no caos a alma, princípio de movimento e de ordem. O mundo, pois, está entre o ser (idéia) e o não-ser (matéria), e é o devir ordenado, como o adequado conhecimento sensível está entre o saber e o não-saber, e é a opinião verdadeira. Conforme a cosmologia pampsiquista platônica, haveria, antes de tudo, uma alma do mundo e, depois, partes da alma, dependentes e inferiores, a saber, as almas dos astros, dos homens, etc.


O dualismo dos elementos constitutivos do mundo material resulta do ser e do não-ser, da ordem e da desordem, do bem e do mal, que aparecem no mundo. Da idéia - ser, verdade, bondade, beleza - depende tudo quanto há de positivo, de racional no vir-a-ser da experiência. Da matéria - indeterminada, informe, mutável, irracional, passiva, espacial - depende, ao contrário, tudo que há de negativo na experiência.


Consoante a astronomia platônica, o mundo, o universo sensível, são esféricos. A terra está no centro, em forma de esfera e, ao redor, os astros, as estrelas e os planetas, cravados em esferas ou anéis rodantes, transparentes, explicando-se deste modo o movimento circular deles.

No seu conjunto, o mundo físico percorre uma grande evolução, um ciclo de dez mil anos, não no sentido do progresso, mas no da decadência, terminados os quais, chegado o grande ano do mundo, tudo recomeça de novo. É a clássica concepção grega do eterno retorno, conexa ao clássico dualismo grego, que domina também a grande concepção platônica.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Heráclito e Parmênides: o surgimento da filosofia entre o ser e o vir-a-ser



Retrato de Parmênides


PARMÊNIDES




Conta-se que Parmênides certa vez disse a respeito de Heráclito: "Fora com os homens que nada sabem e parecem ter duas cabeças! Junto deles está tudo, também seu pensamento, em fluxo. Eles admiram as coisas perenemente mas precisam ser tão surdos quanto cegos para misturarem assim os contrários!".

De fato, enquanto um se baseava na lenta e dolorosa escalada da lógica pura, e outro muitas vezes parecia estar guiado pela intuição e até por um misticismo confuso, era natural que não apenas discordassem, mas que se desenvolvessem ânimos entre eles. No entanto, esse conflito nos é fundamental, pois teria sido o primeiro choque de idéias que ainda hoje encontra força e significado; afastando-se lentamente da Filosofia da Natureza e do misticismo de Pitágoras, Heraclito e Parmênides começam a desbravar um território que ainda hoje nos assombra - o estudo dos seres e dos não - seres. Ao questionar o que eles são, até que ponto eles são válidos e reais, ponto de divergência entre os dois, o que é, como ocorre e se ocorre o vir -a- ser (isto é, não ser então tornar-se) eles partem para um estudo mais aprofundado da realidade além de onde a ciência ou qualquer outra área do conhecimento com a exceção da filosofia alcançam.

Parmênides nasceu em Eléia na Itália, por volta de 530 a. c. Sua filosofia, dita Eleata, contrasta-se com a de Heráclito, dita Jônica, por seu tom cinza, frio e penetrante, mostrando um processo lógico de passos lentos, porém firmes; a filosofia de Parmênides pode ser dividida em duas fases, que servem inclusive para dividir o pensamento pré- socrático; em sua primeira fase, o pensamento de Parmênides é feito a partir de um sistema físico- filosófico; quando ele parte, no entanto, para a teoria do Ser, ele marca a divisão entre um pensamento anaximândrico e o pensamento parmenídico. Nos interessa, logicamente, apenas a segunda parte, onde se concentra o que há de inovador em sua filosofia;

O primeiro passo tomado por Parmênides é tentar ordenar a realidade; para isso, faz uso de duas classes; aquelas que são, e aquelas que não são- ao observar a luz e a escuridão, por exemplo, observou que a escuridão nada mais era que a negação as luz; como uma qualidade negativa; a partir daí partiu para outros pares de opostos, leve e pesado, sutil e denso, passivo e ativo, terra e fogo, frio e quente, etc. Parmênides relacionava uma das características à luz, ou positiva, e a sua oposta, à escuridão, ou negativa; depois que passou a denominá-las, simplesmente, "ser" (positiva) e não-ser (negativa) , e postula também, que "O Ser é, e o Não-Ser não é". Nessa seleção dos opostos, em vários momentos evidencia-se a disposição para um pensamento lógico livre de intuições sem fundamentos, uma característica que, aliás, marca Parmênides.

Parmênides estava, então, diante de um grande problema; ele precisava explicar como ocorre o movimento, ou o vir-a-ser (ou seja, a mudança; um não- ser que se torna ser, ou um ser que se torna não-ser). Foi então que Parmênides fez uma constatação sem precedente- ao decidir por seguir a lógica, somente a lógica, Parmênides descobriu que não sabia de nada com certeza- livre de certezas intuitivas, não fosse questionável, nada que fosse realmente claro e certo. Assim, Parmênides partiu em uma busca por um pensamento fundamental, algo que fosse evidente em si. Em Parmênides, esse pensamento se manifestou como o Princípio da Identidade - "o que é, é", ou seja, "n" é igual a "n", e somente igual a "n" - se "n" for igual a "a", então nada mais pode ser do que "n" (você não pode ser igual e diferente ao mesmo tempo). Isso parecia ser tão óbvio e tão evidente que parecia ilógico que não fosse verdade.

Aqui entram as complicações de Parmênides- diante do Ser e do Não-Ser, e da Identidade, ele não podia enxergar um caminho para que ocorresse o vir-a - ser O Ser é, e o Não- ser não é, pensava Parmênides: como pode-se dizer que "algo era", ou "algo será"? o ser não pode vir do não- ser, pois o não- ser, é o nada e nada pode surgir do nada; e se viesse do Ser, o que seria isso senão a criação de si mesmo? O perecimento- o deixar de ser- também sofre do mesmo problema. Nesse momento, Parmênides marcha para sua conclusão final- não há mudança, e, portanto, não há distinção entre seres e não- seres. O homem que criticara Heráclito por sua cegueira e surdez agora tinha como palavra de ordem a negação do que os "sentidos mentirosos" lhe mostravam- o Ser é Uno, um único grande Ser eterno que jamais se altera e a qual tudo, Seres e Não -Seres, são apenas ilusões de si mesmo.

É possível observar tocantes semelhantes de Parmênides e outros eleatas como Xenófanes com o Hinduísmo, e até mesmo com correntes de pensamentos que florescem em nosso tempo; e, embora várias críticas possam ser feitas a Parmênides, talvez a mais fundamental seja quanto a seu curso da lógica- hoje pensamos que a razão que deve se adequar à realidade, e não o contrário; assim, se a "lógica pura e bruta" diz que tudo é uma ilusão, então a falha deve estar na lógica, e não no mundo. Parmênides desenvolveu também um profundo estudo do infinito, juntamente com seu discípulo Zeno (ou Zenão de Eléia).


Retrato de Heráclito

HERÁCLITO

Parmênides cai no repouso universal; já um fragmento dos escritos de Heráclito diz: "Tudo flui e nada permanece; tudo se afasta e nada fica parado... Você não consegue se banhar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras sempre vão fluindo...É na mudança que as coisas acham repouso..."

De fato, enquanto Parmênides duvida do vir-a-ser, Heráclito faz deles um dos seus pontos de partida; dessa maneira, afirma que nada é permanente, que tudo está em constante mutação, incessantemente; nesse ponto enxerga-se um paralelo curioso com o pensamento oriental, embora as civilizações de onde surgiram conceitos tão semelhantes ainda não tivessem entrado em contato com umas com as outras; a respeito de sua vida, Heráclito nasceu em Efésios; conhecido por desprezar quase todos, senão todos, os pensadores e poetas da sua época, não teve mestre, dizendo na adolescência que "não sabia nada", e, na idade adulta, que "sabia tudo". Heráclito, em seu comportamento anti-social, resolveu se afastar da cidade e habitar os campos, se alimentando apenas de ervas, o que lhe trouxe hidropisia, que acabou lhe matando. Conta-se que teria retornado a Efésios e perguntado se seria possível curá-lo esvaziando seus intestinos; como diziam que não, dizem que deitou em praça pública e deu o comando que lhe cobrissem de esterco, para que o calor fizesse evaporar a água que tanto lhe atormentava; tendo então morrido por sob uma pilha de esterco, alguns dizem que teria sido sepultado na própria praça pública, enquanto outros dizem que ele teria sido devorado pelos cachorros que ali passavam.

Heráclito foi também conhecido por Skoteinós, que quer dizer "O Obscuro"- de fato, seus pensamentos muitas vezes parecem contraditórios e sem sentido, e apesar de seu amor declarado por Lógos (a lógica, a razão) ele não parece disposto a se utilizar tão exclusivamente dela, como Parmênides, mesmo que seus pensamentos a respeito da lógica tenham sido de fundamental importância para grandes pensadores como Aristóteles e Hegel. Heráclito declara que tudo está em mutação, mas apenas o que permanece é- e o que permanece, senão a própria mudança? Assim, ele denomina como Lógos essa lei universal da mudança- o modo com que as coisas mudam- e ainda: "Todos fazemos e dizemos segundo a participação do Lógos. Por isso devemos seguir apenas a este entendimento universal. Muitos, porém, vivem como se tivessem um entendimento próprio; o entendimento, porém, não é outra coisa que a interpretação (o tomar consciência, a exposição, a convicção) dos modos da ordenação do todo. Por isso, na medida em que tomamos no saber dele, estamos na verdade; mas, na medida em que temos coisas particulares (próprias) , estamos na ilusão"

Heráclito também parte da divisão do universo entre dois pólos, "Seres" e "Não-Seres", e, também, enxerga a unidade entre eles. No entanto, enquanto a unidade de Parmênides é idêntica e imutável, a de Heráclito é "tensionada entre dois pólos"; assim, mesmo que o Ser e o Não- Ser sejam parte e coabitem o mesmo, e, como diz em suas obscuras palavras, "O ser é tão pouco como o não- ser; o devir é e também não é", mesmo apesar de tudo isso, não quer dizer que você possa descartá-los como simples ilusão. Dessa maneira, enquanto os eleatas mergulham fundo em busca da essência verdadeira, daquilo que factualmente existe, Heráclito faz uso de uma representação, o que, não se pode negar, é um avanço considerável. A partir dessa nova visão dos pares de opostos Heráclito cria idéias interessantes a partir de pares como "o todo e a parte", "o que se une e o que se opõe"; dessa idéia de que os pólos sejam simples abstrações e habitem o mesmo, conclui que, em suas próprias palavras, "O Um, diferenciado de si mesmo, une-se consigo mesmo, como a harmonia do arco e da lira". Essa harmonia seria Lógos, a razão, que une os opostos em sons consoantes; como a composição grega é horizontal e não vertical, por harmonia entende-se a maneira como sons tocados em sequência equilibram-se entre si; daí a metáfora torna-se perfeita, como mudança.

Heráclito também teve uma participação marcante juntamente dos jônicos, voltando-se novamente aos modelos físico- filosóficos; e nesse ponto a partir de diferentes fontes encontra-se diferentes visões a respeito de qual seria a essência ontológica; essas aparentes contradições parecem ruir, pelo outro lado, quando se lembra que nada era permanente para Heráclito (senão Lógos, a mudança em si) , e que ele parece estar mais preocupado com determinar o ciclo de mudanças e a maneira como esta ocorre- e daí a indicação do tempo como uma das essências ontológicas. Mesmo assim, ele acende e se apaga.

De um lado, um mundo em repouso, onde tudo que se movimenta é ilusão, nascida da lógica; pelo outro lado, um mundo onde tudo é movimentado, onde as coisas nascem mas, nas palavras de Buda, "Você deveria saber que todas as coisas nesse mundo são efêmeras- unir-se significa inevitavelmente separar-se. Não se entristeça, pois tal é a natureza da vida", uma visão gerada pela razão, mas também por um recém-nascido método especulativo, baseado em como Lógos alcança a mente humana, e, no fundo, muitos traços se intuição e misticismo, condenáveis não ao pensador, mas ao ser humano por trás dele. E assim nascia a Filosofia.

Autoria: Samuel Pereira
 

Dulce María (Minha maior Inspiração)

No pares

Nadie puede pisotear tu libertad
Grita fuerte por si te quieren callar
Nada puede deternerte si tu tienes fe
No te quedes con tu nombre escrito en la pared
En la pared...

Si censuran tus ideas, ten valor
No te rindas nunca, siempre alza la voz
Lucha fuerte, sin medida, no dejes de creer
No te quedes con tu nombre escrito en la pared
En la pared...

No pares, no pares no
No pares nunca de soñar
No pares, no pares no
No pares nunca de soñar
No tengas miedo a volar
Vive tu vida

No construyas muros en tu corazon
Lo que hagas, siempre hazlo por amor
Pon las alas contra el viento
No hay nada que perder
No te quedes con tu nombre escrito en la pared...

No pares nunca de soñar
No pares, no pares no
No pares nunca de soñar
No tengas miedo a volar
Viver tu vida

Mi Guerra Y Mi Paz

Es como un juego sin control
En donde nadie pierde y gana
Es ley de acción y reacción
Es la ley de tu amor y mi amor

No puedo estar lejos de ti
Pero a tu lado no quiero estar
Estoy atada a esta relación
Que me hace volver escapar

Contigo y sin ti es mi obsesión
En un cruel laberinto perdida estoy
No debo permitirme ni prohibirme
Es un caos mi corazón!

Mi vida junto a ti es imposible, incompatible
Y no te puedo dejar
Estamos condenados a vernos y a desearnos
Aunque rompamos da igual.
Mi vida junto a ti es combustible, indiscutible
Es como un dulce letal
Un día nos odiamos y otro nos amamos
Eres mi guerra y mi paz

Yo no quisiera desconfiar
Y ser por siempre tu mitad
Pero más fue de mi instinto de
Conservar a mi fiel libertad

Aunque me digas la verdad
Yo encuentro siempre la falsedad
Tú me desarmas mirándome
Tú mi fuerza y mi debilidad

Contigo y sin ti es mi obsesión
En un cruel laberinto perdida estoy
No debo permitirme ni prohibirme
Es un caos mi corazón!

Mi vida junto a ti es imposible, incompatible
Y no te puedo dejar
Estamos condenados a vernos y a desearnos
Aunque rompamos da igual
Mi vida junto a ti es combustible, indiscutible
Es como un dulce letal
Un día nos odiamos y otro nos amamos
Eres mi guerra y mi paz

Tú, mi calma y mi condena
Al filo del delirio que siempre me desvela
Eres lava en mi interior
Un violento frío que congela

Mi vida junto a ti es imposible, incompatible
Y no te puedo dejar
Estamos condenados a vernos y a desearnos
Aunque rompamos da igual
Mi vida junto a ti es combustible, indiscutible
Es como un dulce letal
Un día nos odiamos y otro nos amamos
Eres mi amarga mitad
Eres mi azúcar y sal
Eres mi guerra y mi paz?

Para tornar-se o que se é

"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o".


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