Ao
buscar-se uma compreensão do processo de consolidação da Modernidade,
principalmente no que tange à Teoria do Conhecimento, é fundamental uma
abordagem da imensa contribuição que o filósofo prussiano Immanuel Kant
(1724 – 1804) nos deixou. Bem vale lembrar que foi em “[...] Kant, por
cujo questionamento lógico-transcendental a teoria do conhecimento
atingiu pela primeira vez consciência de si mesma [...]” (HABERMAS,
1987, p. 26).
A obra kantiana é extremamente complexa. Ele “[...] discriminava três
faculdades da mente humana: conhecer, julgar, querer. [...]” (FREITAG,
1992, p. 46), pois a sua preocupação está em compreender todo o processo
do conhecimento humano e como este influi no cotidiano. Não podemos
aqui simplesmente dividir a obra kantiana para que possamos abordar um
aspecto que nos pareça relevante, isso, com certeza, fará com que nossa
interpretação seja parcial e incorreta. O trabalho desse filósofo se dá
nessas três vertentes e sob elas é que deve ser interpretado.
É nosso objetivo aqui analisarmos de forma isolada a Teoria do
Conhecimento de Kant, para que possamos chegar a uma compreensão
profunda da mesma. Teremos em mente que ela não está dissociada das
Teorias Moral e Estética e apontaremos, caso se fizer necessário, as
relações estabelecidas por Kant em sua tríade conceitual.
Kant inicia a introdução da Crítica da Razão Pura afirmando que
Não há dúvida de que todo o nosso conhecimento começa com
a experiência; do contrário, por meio do que a faculdade de
conhecimento deveria ser despertada para o exercício senão através de
objetos que toquem nossos sentidos e em parte produzem por si próprios
representações, em parte põem em movimento a atividade do nosso
entendimento para compará-las, conectá-las ou separá-las e, desse modo,
assimilar a matéria bruta das impressões sensíveis a um conhecimento dos
objetos que se chama experiência? [...] (KANT, 1983, p. 23).
Ele afirma que todo conhecimento tem início na experiência, contudo,
vai mais longe que Hume, aquele que o despertou do sono dogmático,
acrescentando que isso não implica necessariamente que todo conhecimento
provenha da experiência, mas que poderia muito bem “[...] acontecer que
mesmo o nosso conhecimento de experiência seja um composto daquilo que
recebemos por impressões e daquilo que a nossa própria faculdade de
conhecimento [...] fornece de si mesma [...]” (Ibidem loc. cit.). Assim,
Kant chega à conclusão de que temos três possibilidades de juízos:
analíticos, sintéticos a priori e sintéticos a posteriori. Sua
concentração maior se dará em demonstrar a existência dos juízos
sintéticos a priori. Como nos afirma Hansen:
O movimento argumentativo kantiano tem por objetivo
demonstrar a imperiosidade dos juízos sintéticos a priori, posto que os
mesmos são os únicos a possuírem o caráter de universalidade e
necessidade que evitam a forçosa assunção de uma atitude falibilista e
relativista com relação ao conhecimento. Ademais, graças ao seu caráter
sintético, eles garantem o progresso do conhecimento e afastam a
possibilidade do dogmatismo baseado em verdades absolutas e
conhecimentos imutáveis (HANSEN, 1999, p. 35).
A grande questão que Kant se coloca é: “[...] o verdadeiro problema
da razão pura está contido na pergunta: como são possíveis juízos
sintéticos a priori?” (KANT, 1983, p. 30) . Vemos, então, já na
introdução de sua obra, que Kant pretende ir além da Metafísica
tradicional, como também das correntes filosóficas predominantes de seu
tempo, tais como Racionalismo, Empirismo e Ceticismo aproveitando as
contribuições que essas correntes modernas da Filosofia lhe legaram,
principalmente da Crítica Cética de David Hume, levando às últimas
conseqüências e sendo radicalmente distinto dessa.
[...] David Hume, que dentre todos os filósofos mais se
aproximou desse problema [responder à questão dos juízos sintéticos a
priori] sem contudo sequer de longe pensá-lo determinado o suficiente e
em sua universalidade, mas se detendo apenas na proposição sintética da
conexão do efeito com suas causas (principium causalitatis),
creu estabelecer que tal proposição a priori fosse inteiramente
impossível; segundo suas conclusões, tudo o que denominamos Metafísica
desembocaria em mera ilusão de uma pretensa compreensão racional daquilo
que de fato foi simplesmente tomado emprestado da experiência e que
pelo hábito se revestiu da aparência de necessidade (KANT, 1983, p. 31).
Essa afirmação de Kant aponta para a limitação de que Hume não tenha
compreendido a questão em sua universalidade e que se seu argumento
fosse válido, não teria possibilidades de haver uma ciência que
contivesse juízos sintéticos a priori, como a Matemática e a Física
(chamada, por ele, de ciência da natureza).
Para Kant, as ciências em geral trabalham com juízos sintéticos a
posteriori, pois acrescentam elementos ao conhecimento advindos da
experiência, ou mesmo por juízos analíticos, ou tautológicos, utilizados
para explicitar conteúdos já presentes no objeto estudado e que desta
feita não acrescentam novos conhecimentos ao objeto. Atuando dessa
forma, as ciências podem chegar a novas conclusões, de caráter limitado e
contingente, pois seus resultados não são universais nem necessários
por estarem dependentes da experiência, sendo sempre passíveis de
modificação.
Contudo, Kant destaca a Física e a Matemática de seu tempo como
modelos de conhecimento, pois tais ciências possuem em seu cabedal
teórico proposições sintéticas a priori. Pretensão essa que a própria
Metafísica almejava. Com nos diz Chauí, “[...] Kant vinculou essa
conclusão ao fato de que a matemática e a física apresentavam-se
constituídas por verdades indiscutíveis, enquanto que a metafísica
pretendia a mesma validez. [...]” (CHAUÍ, 1983, p. IX).
Dessa forma, Kant toma a Física e a Matemática de seu tempo como
modelos de conhecimento, pois conseguiram cercar com maestria seu objeto
de estudo. Isso é tão forte em Kant que o mesmo tenta empregar esse
modelo de conhecimento para a Metafísica, apontando para as antinomias
da Razão, ou seja, para os enganos e contradições que a Razão pode
encontrar ao tentar falar de temas que estão além de seus limites tais
como: Deus, liberdade, imortalidade da alma. Temas que vão além das
possibilidades do conhecimento humano. Como nos afirma Hansen, “[...] A
Crítica da Razão Pura busca demarcar os limites dentro dos quais é
possível o conhecimento humano e, por conseguinte, a própria Metafísica
enquanto forma de conhecimento” (HANSEN, 1999, p. 68).
Assim, Kant compreende a Razão de forma diferenciada da Tradição que
lhe antecedeu e, até mesmo das correntes filosóficas predominantes em
seu tempo, pois este estabelece seus limites para o conhecer, gerando na
Modernidade um cuidado todo especial quanto à validade dos
conhecimentos gerados e sua objetividade. Além de propiciar uma crítica a
toda e qualquer tentativa de absolutização e dogmatização de
conhecimentos proferidos tanto pela Tradição quanto para intentos
posteriores, Kant afirma
Em todos os seu empreendimentos a razão tem que se
submeter à crítica, e não pode limitar a liberdade da mesma por uma
proibição sem que isto a prejudique e lhe acarrete uma suspeita
desvantajosa. No que tange à sua utilidade, nada é tão importante nem
tão sagrado que lhe seja permitido esquivar-se a esta inspeção atenta e
examinadora que desconhece qualquer respeito pela pessoa. Sobre esta
liberdade repousa até a existência da razão; o veredito desta última,
longe de possuir uma autoridade ditatorial, consiste sempre em nada mais
do que no consenso de cidadãos livres dos quais cada um tem que poder
externar, sem constrangimento algum, as suas objeções e até o seu veto
(KANT, 1983, p. 363).
Assim, Kant compreende que, sem tal crítica, a Razão fica relegada a um estado de natureza1,
imperando o conflito. Não assegurando suas afirmações a reivindicações a
não ser pela força bruta. Mas a crítica pode, mediante suas regras
fundamentais e autoridade inquestionável, propiciar o apaziguamento
desses conflitos. A paz é garantida pela sentença da crítica de que tal
conhecimento não violou os limites da Razão.
Tal crítica se dá antes mesmo de se postular um conhecimento
adquirido como confiável, exigindo-se que seja certificado “[...] das
condições do saber possível, em princípio, naquele contexto. Somente com
a ajuda de critérios fidedignos sobre a validade de nossos juízos
podemos conferir se há sentido em estarmos seguros de nosso saber.
[...]” (HABERMAS, 1987, p. 28).
Temos, até o presente momento, duas importantes contribuições de Kant
para a consolidação da Modernidade, a saber: a Matemática e a Física
como modelos de conhecimento e a Crítica do Conhecimento sob a qual se
verificam as condições do saber possível. Mas não poderíamos deixar de
mencionar, ainda, outras duas grandes contribuições para tal feito, que
são: o conceito de identidade como pressuposto formal e não substancial e
o aparato cognitivo que é o órganon sob o qual se viabiliza no ser racional o conhecimento.
Para compreendermos a questão do ‘eu penso’ kantiano, vamos recorrer
aos argumentos apresentados por Durão, da interpretação de Habermas à
Dedução Transcendental de Kant. Tal reconstrução nos ajudará nesta
compreensão.
Para Habermas, Kant teve o grande mérito de romper com o
objetivismo reinante [...] Em lugar de aceitar o primado do objeto sobre
o conhecimento, instaura a investigação das condições do conhecimento
dos objetos como constituidoras dos objetos (DURÃO, 1996, p. 13).
O que tem sido chamado de revolução copernicana, ou seja, essa
virada na ótica da Teoria do Conhecimento proposta por Kant, de se
estabelecerem as condições que nos permitem conhecer os objetos, e não
os objetos determinando como o conhecimento se dá. Assim, a verdade
passa a estar na relação entre o sujeito cognoscível (o ‘eu penso’) e o
objeto que se dá a conhecer e não somente no objeto. Tal revolução se
dá, pois o “[...] objetivismo se equivoca porque ignora justamente esse
movimento reflexivo da consciência aceitando o objeto como um dado que
se impõe à própria consciência. [...]” (DURÃO, 1996, p. 13). Ou, como
nos diz o próprio Kant
O eu penso tem que poder acompanhar todas as
minhas representações; pois do contrário, seria representado em mim algo
que não poderia de modo algum ser pensado, o que equivale a dizer que a
representação seria impossível ou, pelo menos para mim, não seria nada
(KANT, 1983, p. 85).
Ao considerarmos essa representação, temos de ter em mente que tais
atos de consciência são sintéticos e, por isso, a experiência, e todo
material cognoscível oferecido por ela, não estão pressupostos por essa
estrutura formal. A reflexão, pois, é que consiste na possibilidade do
sujeito em captar essas operações sintéticas e propiciar, mediante a
autoconsciência, a síntese transcendental. Isso porque, em “[...]
referência ao entendimento, o princípio supremo da mesma é: todo o
múltiplo da intuição está submetido às condições de unidade sintética
originária da apercepção. [...]” (KANT, 1983, p. 86).
A reviravolta que Kant propõe com esse conceito está no fato de que o
sujeito pensante não é uma substância dada a priori, mas sim uma
unidade do pensamento, portanto, formal. Tal problema remonta a
Descartes, pois este propõe uma consciência substanciada, pois “[...]
Serve somente para a abertura da consciência ao conhecimento da
objetividade dos objetos, trata-se apenas de um método que reconhece, na
substância pensante, extensa e infinita, a verdade que buscava” (DURÃO,
1996, p. 16) Assim, continua Durão, Habermas vai apontar que Kant não
comete o equívoco cartesiano, pois, entende que o objeto só pode ser
pensado enquanto tal através das “[...] operações sintéticas do sujeito,
que de forma alguma pode ser considerado substância. [...]” (DURÃO,
1996, P. 17).
Portanto, o sujeito é somente esta unidade sintética
[...] que acompanha todas as representações como condição
para que possam ser representações de uma única consciência. Sem esta
condição as representações não poderiam ser sintetizadas de modo a
formar objetos, pois nem sequer se poderia pensá-las como ligadas à
mesma consciência (DURÃO, 1996, P. 17).
Em continuidade à reconstrução do pensamento kantiano, no que diz
respeito à Teoria do Conhecimento, temos de analisar a contribuição que
ele dá quanto ao Aparato Cognitivo. É bem interessante notar que Kant
não está preocupado em dar uma descrição precisa sobre o Aparato
Cognitivo, tem em mente somente a intenção de apontar para a existência
do mesmo, como nos afirma Hansen:
[...] Kant se dedica a duas tarefas: por um lado, procura
fazer uma descrição da estrutura da consciência quando do momento em
que esta se lança na aventura de conhecer; por outro lado, tenta
precisar os elementos que se colocam como condição de possibilidade ao
próprio ato de conhecer. [...] o próprio Kant vai deixar claro que a
tarefa mais importante é a segunda. [...] A contribuição mais relevante
do filósofo de Könningsberg reside no estabelecimento das condições de
possibilidade do conhecimento, pois é isso que vai garantir a
objetividade do mesmo e permitir até mesmo a consecução de ações
racionais e a vivência em sociedade (HANSEN, 1999, p. 68).
Mas, efetivamente, em que consiste esse Aparato Cognitivo? Ele é
composto pela sensibilidade e as categorias do entendimento . A
sensibilidade se expressa em duas formas: espaço e tempo.
Quanto ao espaço, o próprio Kant diz:
O espaço não é um conceito empírico abstraído de
experiências externas. Pois a representação de espaço já tem que estar
subjacente para certas sensações se referirem a algo fora de mim [...] O
espaço é uma representação a priori necessária que subjaz a todas as
intuições externas. [...] O espaço não é um conceito discursivo ou, como
se diz, um conceito universal de relações das coisas em geral, mas sim
uma intuição pura. [...] O espaço é representado como uma magnitude
infinita dada. [...] A representação originária do espaço é, portanto,
intuição a priori e não conceito (KANT, 1983, p. 41).
Fica claro com essa passagem da Crítica da Razão Pura, que para Kant o
espaço não é algo dado pela experiência e, muito menos, algo que surge
pela percepção do sujeito cognoscente ao se relacionar com os objetos
externos, mas, ao contrário, o espaço é que auxilia ao sujeito
cognoscente a intuir os objetos externos a si mesmo e distribuídos
espacialmente.
Quanto ao tempo, Kant afirma:
O tempo não é um conceito empírico abstraído de qualquer
experiência. [...] O tempo é uma representação necessária subjacente a
todas intuições. [...] Sobre essa necessidade a priori também se funda a
possibilidade de princípios apodíticos das relações do tempo, ou de
axiomas do tempo em geral. [...] O tempo não é um conceito discursivo
ou, como se diz, um conceito universal, mas uma forma pura da intuição
sensível. [...] A infinitude do tempo nada mais significa que toda
magnitude determinada do tempo só é possível mediante limitações de um
tempo uno subjacente (KANT, 1983, p. 44-45).
Como podemos ver, Kant argumenta de forma análoga ao espaço
demonstrando que o tempo é uma intuição a priori. Pois, o sujeito
cognoscente não poderia perceber os objetos de forma sucessiva no tempo
se essa sensibilidade não lhe auxiliasse no manejo das informações
apropriadas pela experiência.
Assim, teríamos no espaço e tempo, “[...] duas condições sem as quais
é impossível conhecer, mas o conhecimento universal e necessário não se
esgota neles. É preciso também o concurso dos elementos apriorísticos
do entendimento” (CHAUÍ, 1983, p. X).
Kant parte, na Analítica Transcendental, de juízos que ele mesmo
classifica em quatro grupos distintos a saber: quantidade, qualidade,
relação e modalidade. Cada um desses juízos possui as seguintes
categorias correspondentes: quantidade: universais, particulares e singulares; qualidade: afirmativos, negativos e indefinidos; relação: categóricos, hipotéticos e disjuntivos; modalidade: problemáticos, assertórios e apodíticos.
Chauí nos auxilia a compreender essa questão com a seguinte argumentação:
[...] O primeiro argumento de Kant em favor da
legitimidade das categorias é o de que as diversas representações
formadoras do conhecimento necessitem ser sintetizadas, pois de outra
forma não se poderia falar de propriamente conhecimento (CHAUÍ, 1983, p.
XI).
Aqui fica claro, também, que o tempo, enquanto elemento formal
constitutivo da sensibilidade é muito importante, pois apresenta na
consciência da diversidade uma unidade, um eu unificado. Isso é apontado
por Kant como fundamental na constituição da unidade sintética da
apercepção, ou seja, do eu penso já discutido anteriormente.
Mas isso não foi suficiente para Kant, principalmente por se colocar,
após essa argumentação, o seguinte problema: “[...] como é possível que
duas coisas heterogêneas, como são as categorias, por um lado, e os
fenômenos, por outro, possam ligar-se entre si? [...]” (CHAUÍ, 1983, p.
XII).
Na resposta a esse problema, Kant vai ressaltar ainda mais a
importância do tempo como elemento catalisador entre as categorias e os
fenômenos, pois “[...] por um lado, é homogêneo ao sensível por ser a
própria condição do sensível e, por outro lado, é universal e
necessário, enquanto conceito. [...]” (CHAUÍ, 1983, p. XII).
Assim, temos a contribuição de Kant quanto ao Aparato Cognitivo, que
não tem a pretensão de esgotar a questão, mas simplesmente apresentar
que tal aparato é um fato, é formal, ou seja, não substancial e que
propicia todo o desenvolvimento posterior da Crítica da Razão Pura no
intento de estabelecer os limites próprios da Razão na busca pelo
conhecimento.
Chegamos assim à conclusão da imensa contribuição de Kant à
consolidação da Modernidade. Principalmente no que tange à Teoria do
Conhecimento, para a qual o mesmo propõe, como vimos, uma revolução só
comparada à copernicana.
——————————
1 Aqui, Kant faz uso
da compreensão hobbesiana de Estado de Natureza do Homem, onde este
vive em conflito com seus semelhantes até a assinatura do Contrato
Social que dá origem à Sociedade apaziguando tais conflitos. Cf. KANT,
1983, p. 369.
Referências
CHAUÍ, Marilena de Souza. Vida e Obra. In: KANT I.
A crítica de Habermas à dedução transcendental de Kant. Itinerários de Antígona: A questão da moralidade.
Conhecimento e Interesse. Tradução: José N. Heck. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1987.
HANSEN, Gilvan Luiz. Modernidade, Utopia e Trabalho.
Kant I. (Col. Os Pensadores).
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