RESUMO: Discutiremos
neste artigo o breve histórico da avaliação da aprendizagem na construção do
conhecimento do educando e como instrumento norteador para o trabalho docente.
Desse modo escolhemos o exercício da verificação das mudanças ocorridas ao
longo dos anos e assim faremos uma analise das diferenças e/ou semelhanças das
práticas avaliativas da atualidade.
Elaborado por: Ilka Nunes, Danilo Silva, Vanderson Silva, Viviane Araújo
Palavras
chave: Histórico da Avaliação, Avaliação da aprendizagem.
Sempre
que refletimos sobre a educação logo fazemos uma relação com a avaliação da
aprendizagem escolar, que por sua vez, é historicamente ligada ao ato da
aprovação e reprovação do aluno. Mas, é importante refletir sobre como a
avaliação é vista e qual suas implicações no processo de ensino/aprendizagem do
educando e nas práticas dos professores.
Para
falar sobre avaliação da aprendizagem é necessário conhecer o conceito de
avaliação, assim como suas características mais pertinentes. Podemos conceituar
a avaliação como uma ação natural e necessária para que o professor esteja
ciente dos conteúdos assimilados pelos alunos, bem como saber se as
metodologias de ensino adotadas por ele estão surtindo o resultado esperado.
Para
Hoffmann (1994) o fenômeno da avaliação é indefinido, de tal maneira que o
termo vem sendo utilizado com diferentes significados, relacionado à prática
avaliativa tradicional: prova, conceito, boletim, recuperação e reprovação. Dar
nota é avaliar, e o registro de notas denomina-se avaliação. Ao mesmo tempo
outros significados são atribuídos ao termo, tais como análise de desempenho e
julgamento de resultado.
Atualmente
algumas escolas apresentam a avaliação ainda na forma tradicionalmente
conhecida, com a realização de testes e provas quase sempre sem haver a
preocupação com o aprendizado do aluno. Desse modo, algumas dúvidas surgem
quando se pensa no real conceito da avaliação da aprendizagem, e a forma como
deve ocorrer essa avaliação para garantir que o aluno aprenda realmente o que
está sendo proposto.
Vários
autores discutem a temática avaliação da aprendizagem, a fim de debater,
analisar e sugerir modificações às práticas mais recorrentes sobre a mesma.
Dentre esses autores podemos destacar: Hoffman (1994), Ludke (2001), Luckesi
(2003), Aranha (1989), Libâneo (1994).
Desse
modo é possível fazer uma comparação entre a avaliação criada desde a época dos
Jesuítas até os tempos presentes, percebendo quais as diferenças e semelhanças
existentes nas práticas docentes e, principalmente, qual o impacto dessas
formas de avaliação no aprendizado do educando.
2 –
Breve Histórico da Avaliação da Aprendizagem no Brasil
Os
primeiros sinais de um sistema de avaliação da aprendizagem escolar datam de
1549 com o ensino jesuítico, que permaneceu no Brasil até 1759, ou seja, por
210 anos. Tal ensino era caracterizado por sua postura tradicional com o foco
no professor e levava o aluno a uma prática que o distanciava da convivência
com a sociedade, no que se refere às práticas da vida cotidiana. Sobre essa
questão Libâneo diz:
“Os
objetivos, explícitos ou implícitos, referem-se à formação de um aluno ideal
desvinculado com a sua realidade concreta. O professor tende a encaixar o aluno
num modelo idealizado de homem que nada tem a ver com a vida presente e futura.
A matéria de ensino é tratada separadamente, isto é, desvinculada dos
interesses dos alunos e dos problemas reais da sociedade e da vida.” (LIBÂNEO,
1994, p. 64)
Mesmo
não tendo um sistema avaliativo propriamente dito, os jesuítas se configuravam
pelo ensino focado na memorização, ou seja, os alunos eram obrigados a decorar
as lições, tal como estava nos livros. Sobre isso Aranha (1989) diz:
“O
ensino jesuítico possuía uma metodologia própria baseada em exercícios de
fixação por meio de repetição, com objetivo de serem memorizados. Os melhores
alunos auxiliavam os professores a tomar lições de cor dos outros, recolhendo
exercícios e tomando nota dos erros dos outros e faltas diversas que eram
chamadas de decuriões. As classes inferiores repetiam lições da semana todo
sábado. Daí a expressão “sabatina” utilizada por muito tempo para indicar
formas de avaliação.” (ARANHA, 1989, p. 51)
O período do império por ter sido marcado pelas mudanças
históricas tanto na política como no processo educativo, as formas avaliativas
quase nunca eram realizadas, por não haver um processo avaliativo estabelecido.
Nessa época foi dado início à formação de professores para as escolas
primárias.
O
período republicano trouxe a avaliação da aprendizagem de forma mais
sistemática, desse modo os educandos passaram a ser avaliados constantemente
com a realização de provas (orais, escritas e práticas). Assim a avaliação se
restringia a aprovação e reprovação do aluno. Porém em 1904 a avaliação passou a
ser sistematizada a partir de notas que iam de 0 a 5.
A
primeira república, que teve início em 1920, trouxe algumas discussões sobre o
formato do ensino tradicional limitada à elite e pautada na aprendizagem de
forma mecânica. A partir de 1932 com o Manifesto dos Pioneiros, que tinha entre
seus idealizadores Anísio Teixeira, a luta por uma escola democrática que
contemplasse toda população ganhou mais força.
A
Escola Nova apresentou a proposta onde os professores tivessem como parâmetro
os interesses dos alunos, tornando-se assim facilitadores ao invés de apenas
transmissores de conteúdos. Desse modo, o sistema avaliativo era feito de forma
subjetiva, permitindo que o aluno tivesse autonomia sobre sua formação.
3-
Avaliação da Aprendizagem Escolar na Atualidade
A
avaliação é elemento integrante do processo ensino/aprendizagem e ganhou na
atualidade espaço muito amplo nos processos de ensino. Requer preparo com
componentes especializados e grande capacidade de observação dos profissionais
envolvidos. Porém, ainda hoje, a avaliação da aprendizagem é vista por muitos
como o ato de mensurar o conteúdo que foi aprendido pelo aluno em cada período
escolar. Essa forma de avaliação quase sempre é aproveitada de forma quantitativa,
sendo utilizada muitas vezes tendo a nota como objetivo maior e pouco para
estabelecer uma qualidade do ensino obtido pelo educando.
Segundo
Lukesi (2002), a avaliação da aprendizagem deve ser assumida como um
instrumento que existe, propriamente para mensurar a qualidade da assimilação
do conhecimento por parte do aluno e para compreender em que estágio da
aprendizagem ele se encontra. Assim, é possível estabelecer um vínculo entre o
ensino e a qualidade das propostas de intervenção realizadas pelos professores.
Hoje
em dia, alguns educadores modificaram sua percepção sobre o que é avaliar, pois
passaram a perceber a ampliação do conhecimento do aluno no cotidiano e não
apenas um momento único, além de perceber as peculiaridades de cada discente.
Porém, a avaliação ainda se configura como a obtenção de um resultado objetivo,
por meio de notas.
A
verdade é que a avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de decisão e a
melhoria da qualidade de ensino, informando as ações em desenvolvimento e a
necessidade de regulações constantes para encontrar parâmetros que possam
estabelecer quais as melhores formas de chegar ao educando de modo que ele
consiga agregar os conteúdos ao seu cotidiano. Mendéz (2002) ressalta que no
âmbito educativo, a avaliação deve ser entendida como atividade critica de
aprendizagem, porque se assume que avaliação é aprendizagem no sentido de que
por meio dela adquirimos conhecimento.
No
Brasil, a concepção de avaliação proposta pelos PCNs (Brasil, MEC: 1997)
pretende superar a concepção tradicional de avaliação, compreendendo-a como
parte integrante e intrínseca do processo educacional. Ainda segundo os PCNs “a
avaliação das aprendizagens só poderá acontecer se forem relacionadas com as
oportunidades oferecidas, isto é, analisando a adequação das situações
didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos alunos e aos desafios que
estão em condições de enfrentar.”
4 –
Considerações Finais
Por
fim, com face ao que foi exposto, podemos perceber que o formato da avaliação
promoveu várias modificações no sistema de ensino, que deram espaço a reflexões
sobre o que é avaliar na escola, em que a inquietação agora não se limita em
aprovar e reprovar o aluno, mas envolve também seu empenho com o aprendizado
dentro do seu cotidiano.
É
preciso distinguir a avaliação da aprendizagem buscando distanciá-la do
objetivo que é obtenção de uma média favorável apenas para sua reprovação e
aprovação, uma vez que essa forma de avaliar não sofreu nenhuma modificação,
pois ainda hoje a avaliação é muito pautada na retenção ou avanço do aluno.
Freitas
assinala um aspecto importante:
“Guardar
todos os alunos dentro da escola, independentemente de terem aprendido ou não
dar mais visibilidade aqueles alunos que não aprenderam o que antes era
simplesmente expulso da escola pela reprovação administrativa. A visibilidade
do aluno que não aprende é percebida, erradamente, pelos pais e pela sociedade
como problema do ciclo ou da progressão continuada; entretanto é produto da
velha lógica da escola e da avaliação (...). Nos ciclos e da progressão
continuada, esses alunos permanecem no interior da escola exigindo tratamento
pedagógico adequado. Eles são uma denuncia viva da lógica excludente, exigindo
separação. A volta para o sistema seriado é uma forma de se calar essa denuncia
e precisa ser evitada.” (FREITAS, 2003, p. 49)
Ao
longo do tempo as alterações que ocorreram no sistema de ensino, admitiram
estabelecer um novo exemplo de avaliação da aprendizagem escolar, com ênfase
para avaliação formativa com base no diagnostico, consentindo assim, corrigir
as modalidades de ação no seu percurso, possibilitando um olhar mais atento
sobre como os alunos constroem seus próprios conhecimentos.
No
entanto, para realização da prática desse novo olhar sobre a avaliação, é
necessária a constituição de uma nova cultura escolar com práticas inovadoras
com preceito e ponto de vista que não estar sujeito a modificação legal, mas de
categoria especificas para tal processo, que constitui nas alterações e
variação nas condições de trabalho apresentada ao professor, da estrutura da
escola e do preparo técnico e pedagógico para o corpo docente.
Referências
ARANHA,
M. L. de A. História da Educação, 1
ed. São Paulo: Moderna, 1989.
BRASIL,
Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais.
Brasília: MEC/SEF, 1997.
FREITAS,
L. C. de. Seriação e Avaliação:
confronto de lógicas. 1 ed. São Paulo: Moderna, 2003.
HOFFMANN,
J. Avaliação, mito e desafio: uma
perspectiva construtivista. 12 ed. Porto Alegre: Educação e realidade,
1994.
LIBÂNEO,
J.C. Didática. São Paulo: Cortez,
2002.
LUKESI,
C.C. Avaliação da Aprendizagem Escolar.
14 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
MÉNDEZ,
J. M. A. Avaliar para conhecer, examinar
para excluir. Tradução Magda Schwarzhaupt Chaves. Porto Alegre: Cortez,
2002.
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